#9 🙃 como vou ser triste se...

uma anti trend

Gabrielle Albuquerque

dez 18, 2024

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“Mas pra fazer um samba com beleza

É preciso um bocado de tristeza

Senão, não se faz um samba não”

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Este ano meu nome está marcado como escritora co-autora em dois livros coletâneas de grupos de mulheres que admiro, o “Gradiente” e o “Conheça-nos: mulheres negras na vivência e influência sorocabana”. Além destes, escrevi mais uma biografia como ghostwriter para uma terceira coletânea de cliente!

Aliás, falando em ghost, fechei minha agenda com projetos de livros contratados que vão até o terceiro trimestre de 2025. Viajei, aproveitei o tempo com o marido, participei de feiras literárias, fiz mediações, dei oficinas de escrita - finalmente! - terminei o projeto do meu site e conheci a literatura de muita gente boa.

Quer dizer, muita felicidade, certo!? Sim, massss…Poucos sabem dos perrengues de 2024.

Uma pessoa da minha família está enfrentando uma depressão severa, inclusive com pensamentos recorrentes de acabar com a vida. Soube de desqueridos que chegaram a dizer que é frescura, porque nas redes sociais, tá tudo bem, né? Uma segunda pessoa beeem próxima de mim está passando por uma situação altamente complexa e relata ouvir de forma “comum” uma série de comentários maldosos de quem se espera receber palavras e atitudes de acolhimento.

É claro que isso me afeta de várias formas. Neste ano de 2024, posso dizer que vivenciei coisas que sequer tinha imaginado em âmbito profissional. É fato: muitas vezes, realizamos sonhos em momentos que não nos sentimos plenamente felizes. É bem triste ver pessoas que amo passando por tantas dificuldades, sem que eu possa solucionar de uma forma definitiva. Logo eu - que sempre fui de comprar as brigas das pessoas que gosto (mas já me aposentei!).

Hoje percebo que o maior aprendizado que tive este ano foi este: ajudar sem interferir na jornada do outro (como é difícil!!!!). Tudo isso causou rupturas, distanciamento e desconstrução. Estou desaprendendo!

E aí, neste sentido, tem sido libertador não menosprezar os sentimentos considerados pouco nobres por aí. Dias tristes não me tornam menos alegre (e o contrário também). Isso faz tanto sentido na minha cabeça que o o meu primeiro livro solo, que está em processo de escrita, parte exatamente deste ponto.

E olha só… coincidência ou não, o mesmo samba que diz: “é melhor ser alegre que ser triste”, também abraça o verso: “mas pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, senão, não se faz um samba não”.