#14 👾 Nostalgia: uma edição que só quem nasceu nos anos 90 vai entender
valendo um ingresso de volta ao passado 🎟️
“você vai se surpreender com o que tem aí”
disse meu BFF da escola enquanto me entregava aquele pendrive
eu hein, quero não! - isso já faz quase um ano. ele nem sabe, ainda não abri.
mas o que encontraria ali?
a revista capricho no intervalo de português? as engenharias de cola antes da prova? o jogo de cobrinha daquele velho novo nokia? o desfile de fichários e papel de carta no primeiro dia de aula? aquela novela que o Reynaldo Gianecchini ficou com a sogra? o ICQ ressoando Ó-ÓU!? teria fórmula de bhaskara? amigo, para ser sincera, nunca usei isso aí não, me deixa, vai!
mas olha, se falasse que tem mesmo aquela foto…
do guardanapo barato engordurado envolvendo o salgado de presunto e queijo do tio da cantina, dos rolinhos de papel higiênico presos no teto do banheiro à vista, das brigas de arbitragem na aula de educação física… Quem sabe, um vídeo da programação da TV? os clipes na MTV? Meninas Super Poderosas? Pânico? Cidade de Deus? Power Rangers? O Auto da Compadecida? American Pie? Tropa de Elite? Meninas Malvadas? Pokémon? De Repente 30!?
mas eu sei, amigo. tem nada disso não!
se ao menos tivesse o som gravado das músicas… Suddenly I See // Rala-ralando o Tchan aê // With Arms Wide Open // Avôhai // Natasha // Because of you // Por mais que eu tente lhe dizer, o quanto eu sinto por você // Won`t you save me // Deixe viver, deixe estar como está // All the things she said // Um minuto para o fim do mundo // You light me up and the I faaaaaall for you // Você me entorpeceu e de-sa-pa-re-ceu // Oops, I did it again // ……………..
quem sabe ainda sou uma garotinha e você apenas um rapaz latino americano?
então,
enquanto seguimos distraídos
as fotos seguem atentas
e assim eu sei… tudo o que tem aí
é uma versão
eu
você
um nós que existiu
e o que o tempo já se encarregou de levar
para onde fomos? quem nos tornamos?
se você me perguntar
se aguento a minha presença?
imensa, dentro de mim
não
a saudade não passa com o tempo, mas passa quando a gente esquece.
o que me lembro? só o que não quero esquecer.
não vou abrir isso aí não. esquece. pode levar com você: queima, afunda, joga.
a gente busca viver o antes,
quando já
não há mais antes aqui.
COM.TEXTO
Dizem que ansiedade é excesso de futuro, não é isso? Às vezes acho que sinto a ansiedade ao contrário. Toda vez que uma situação emocional complexa surge, vem essa necessidade de voltar. Para onde?
O que te faz voltar para lugares que já não existem mais?
Penso na imagem da primeira rua que morei. Era uma ladeira. Costumava brincar com as crianças da vizinhança, soltar pipa, rasgar um joelho de vez em quando… Um cheiro, uma música ou até a luz que se desenha no céu. Elementos com um quê de feitiçaria que tem o poder de nos transportar para algum período da vida, desbloquear uma memória.
Sei que isso é o que costumam chamar de nostalgia. Uma sensação doce, mas também dolorida de querer retornar, mesmo sabendo que o tempo não devolve nada pra gente do jeito que foi um dia. Fico pensando se essa saudade é apego com o passado ou se é só um jeito sensível que o agora encontra de lembrar que estamos sentindo falta de algo e que isso também importa.
Gosto de pensar em uma memória como um merthiolate (o que ardia mesmo!) que a gente passava naquele machucado para ajudar a costurar a pele. Alguns dias depois, a casquinha se formava, para então arrancar - sangrar - sarar de novo. Tudo isso para formar uma cicatriz que não deixa esquecer onde estão os nossos rasgos - e a essa altura, já são mais do que podemos contar.
Se nenhuma experiência é individual, será que você consegue me dizer: por que há portais capazes de desbloquear tantas sensações na gente? Será que essa saudade que anda circulando por aí também nos mostra algo que que se perdeu, mas que ainda pulsa um sinal à fora nos chamando no modo silencioso?
Por isso digo: nada mais importante que contar as nossas histórias. Escrever um livro ou um caderno, recuperar o registro da ancestralidade, avó, avô, mãe, pai - laços que se refazem com palavras onde gestos já não alcançam a presença. Assim, talvez a nostalgia seja menos sobre voltar — e mais sobre transformar.
E você, do que sente saudade e que ainda não se transformou em palavra?
UMA NOVA MARCA, UM NOVO SITE
Ando mesmo saudosa… deve ser porque, finalmente, terminei o projeto do meu site 🫶🏼 Por lá, compartilho mais sobre meus serviços, a minha profissão e, o mais importante: a minha história. E então, se sou um tipo de contadora de histórias, nada mais justo do que compartilhar um pouquinho da minha, né não? Aproveito para agradecer mais uma vez meu amigo e mentor querido Fer C. Fox que acreditou no meu cabelo (kkk) e nas minhas palavras há tempos - sem ele, nada disso seria possível ❤️
PONTO FINAL
✨ Para sentir: a exposição gratuita “Carolinas” vai até 18 de maio na Caixa Cultural em SP
📚 Para ler: Clay - que forma você quer ser quando crescer? - é o livro infantil de estreia da escritora e amiga
- eu já li e é um excelente presente para pais e mães ou amizades que convivem com criança, viu?Mariposas não voam longe chegou! Segundo livro da amiga
- que felicidade acompanhar sua jornada crescente escrita.🎬 Para assistir: inclusive, a Marina me recomendou a série Valéria e estou obcecada! Na sinopse diz: Valeria enfrenta problemas de amor, mas diria que essa é uma trama que fala muito sobre amizade entre mulheres. Tem na Netflix!
, convidando outras escritoras para falar sobre a remuneração na escrita.NEWS SUPER PODEROSAS
A
falou sobre a escuta, inclusive, indicando um livro maravilhoso “A Arte da Escuta” - que agora mesmo está em leitura facilitada por outra escritora maravilhosa, a - news que também amo acompanhar!Manifesto da Mãe separada - que relato corajoso o da
Um abração nostálgico! Até breve,
G!
O guardanapo engordurado me fez lembrar da pizza de presunto e queijo da cantina da escola.. morro de saudades! Vou te dizer que até gosto dessa sensação de nostalgia. Sensação de que valeu a pena ♥️
E se eu falar que AINDA tenho toooodas as folhas coloridas de fichário?! hahahaha Adoro arrumar o armário pra encontrar toda a coleção hahahaha.
Muito bom Gabi! Tão gostoso lembrar de das coisas boas de tempos atrás 💜